Tecnologia permite abreviar em até 15 minutos a detecção de achados críticos em exames de tomografia computadorizada de forma automatizada e em larga escala. Aplicação inclui exames para diagnóstico de embolia pulmonar, hemorragia intracraniana, fratura na coluna cervical e perfuração intestinal.
Após um longo período de avaliação do uso da ferramenta de inteligência artificial em tomografias computadorizadas de tórax voltadas para pesquisa de embolia pulmonar, e com 656 vidas impactadas positivamente pela rápida comunicação e coordenação do cuidado entre as equipes médicas, o Grupo Fleury decidiu ampliar a aplicação da tecnologia e incorporar novas modalidades, incluindo algoritmos para tomografias de crânio, coluna cervical e abdômen. Desenvolvida pela startup israelense AIDOC, fornecedora líder de soluções de inteligência artificial (IA) para imagens médicas, a ferramenta estava em avaliação desde abril de 2019 nas marcas premium Fleury Medicina e Saúde, em São Paulo, e Clínica Felippe Mattoso, no Rio de Janeiro. O uso da tecnologia e sua ampliação agora irão contemplar todas as unidades das marcas do Grupo Fleury nos estados onde está presente.
Os resultados de exames com achados críticos, como uma embolia pulmonar ou sangramento intracraniano, devem ser comunicados ao médico responsável no menor tempo possível. No Grupo Fleury, por meio da solução de IA da AIDOC é possível reduzir o tempo de detecção destes achados para cerca de 15 minutos, permitindo uma comunicação entre o radiologista e o médico do paciente bem mais rápida, o que leva a um tratamento mais precoce e pode salvar vidas. A ferramenta analisa as imagens assim que elas são adquiridas e gera um alerta na tela dos radiologistas para priorização dos casos positivos e graves nas filas de trabalho. Isso ajuda os radiologistas a detectarem condições críticas mais rapidamente e diagnosticar formas incidentais das doenças, bem como informar o achado para o médico do paciente com urgência, o que é crucial para a eficácia do tratamento, como nos casos de embolia pulmonar, hemorragia intracraniana, fratura na coluna cervical e perfuração intestinal – estes três últimos algoritmos estão em processo de implantação e com previsão de entrada em rotina a partir de abril de 2022.
“Cada vez mais buscamos agregar valor à saúde por meio de soluções que permitam reduzir o prazo de resposta e melhorar a qualidade dos serviços que oferecemos aos nossos clientes. Ao diagnosticar quadros agudos e graves rapidamente, com o auxílio de recursos de inteligência artificial que já contam com amplo respaldo na literatura médico-científica, podemos oferecer informações fundamentais para a tomada de decisão e melhor conduta clínica pelo médico. Dessa forma, influenciamos a cadeia de cuidado do paciente e contribuímos para a sustentabilidade do setor de saúde ao prover medicina diagnóstica de excelência”, explica o Dr. Edgar Gil Rizzatti, diretor executivo Médico, Técnico e de Negócios B2B do Grupo Fleury.
Entenda os casos priorizados de diagnóstico de embolia pulmonar
A embolia pulmonar, ou tromboembolismo pulmonar (TEP), é causada principalmente pela trombose venosa profunda a partir da formação de trombos (bloqueios causados por coágulos no sistema sanguíneo) nas veias profundas das pernas, que dificultam o retorno venoso ao coração e podem migrar para os pulmões. Geralmente, o exame de tomografia computadorizada de tórax com contraste com protocolo dirigido para pesquisa de TEP é solicitado quando existe alta suspeita clínica de embolia pulmonar, ou seja, quando o paciente demonstra sintomas como falta de ar, dor no peito, tosse e sensação de desmaio iminente em um contexto suspeito ou na confirmação de trombose nas pernas. No entanto, não é infrequente detectar tromboembolismo pulmonar em pacientes que estão fazendo tomografia de tórax com contraste por outro motivo e que tem chance aumentada para formação de trombos, como é o caso de pacientes oncológicos. Neste tipo de situação conhecida como achado incidental, o benefício de um alerta precoce é enorme, pois a maioria desses casos seriam vistos por um médico apenas muitas horas depois devido à indicação não urgente do exame.
Estima-se que cinco em cada 10 mil pessoas apresentem um episódio de tromboembolismo pulmonar na população geral. Dos pacientes submetidos a exames de tomografia de tórax computadorizada com contraste, cerca de 4% a 7% podem ter um diagnóstico de embolia pulmonar, dos quais 50% podem ser diagnosticados de forma incidental.
Normalmente, resultados de exames realizados fora do contexto de pronto-socorro podem levar várias horas, mas o uso da tecnologia permite gerar um processo de alerta ao médico radiologista, visualização das imagens e contato com o médico solicitante em questão de minutos. Com isso, ao detectar mais precocemente pacientes que têm embolia pulmonar, inclusive aqueles nos quais o diagnóstico é feito de forma incidental, obtém-se um enorme ganho para o sucesso do tratamento.
IA em tomografias de crânio, coluna cervical e abdômen
Com o algoritmo dedicado a tomografia computadorizada de crânio sem contraste é possível identificar se existe sangramento dentro da cabeça do paciente. Esse exame de rotina pode ser feito por vários motivos, principalmente para excluir algo mais grave, como a hemorragia intracraniana, no contexto de algum trauma, dor de cabeça com padrão fora do habitual, sintomas atípicos como visão dupla, perda de força e formigamento em membros etc. Com o auxílio da solução de IA, um caso incidental grave diagnosticado fora do ambiente de urgência permite a tomada de conduta rápida e que é determinante na jornada do paciente.
Já o algoritmo utilizado na tomografia computadorizada de coluna cervical sem contraste é indicado para procurar fraturas na região do pescoço, principalmente em idosos, que podem ter esse tipo de complicação mesmo com quedas ou pancadas leves. O objetivo é detectar rapidamente a lesão, especialmente as fraturas sutis em casos de baixa suspeita. Se durante o exame for identificado que o paciente teve uma fratura, o radiologista já aciona o médico do paciente e é feito um protocolo de imobilização para diminuir o risco de uma piora da lesão já existente com o movimento do pescoço, por exemplo.
O algoritmo da tomografia computadorizada de abdômen tem como objetivo pesquisar a existência de gás ou ar fora da alça intestinal, conhecido como pneumoperitônio. Isso acontece em geral quando há perfuração no trato gastrointestinal, que pode ocorrer por vários motivos, como úlceras, diverticulite complicada e apendicite complicada, por exemplo. É normal que esses pacientes sintam muitas dores, mas também existem casos de indivíduos que apresentam pouco sintomas ou sintomas leves, os oligossintomáticos. Dessa forma, em ambos os casos a solução contribui para priorizar os diagnósticos de presença de ar na cavidade abdominal para o direcionamento rápido do tratamento, seja ele clínico ou, na maioria das vezes, cirúrgico.
Desfecho: oferta de soluções e a eficiência dos radiologistas
A incorporação da tecnologia de IA permite complementar fluxos de trabalho convencionais com prioridade de lista de trabalho e tem o potencial de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, acelerando o processo de diagnóstico e aumentando a segurança do paciente caso ele apresente uma dessas condições ou algum desses achados graves nos exames. Tudo isso sem substituir o humano, pelo contrário, está fazendo-o exercer seu papel de uma forma mais eficiente, pois após a priorização do laudo por parte da ferramenta, o radiologista ainda continuará tendo que visualizar as imagens, interpretar, entrar em contato e conduzir o caso junto com o médico do paciente que solicitou o exame, e em uma janela de tempo mais útil.
“Entendemos a tecnologia como uma grande aliada para tornar o cuidado médico mais humano. De nada adiantaria incorporar um sistema sofisticado e moderno se no final do dia não houvesse uma melhora significativa na qualidade do cuidado e acolhimento prestado ao paciente. Essa é nossa essência”, conclui o Dr. Bruno Aragão Rocha, coordenador médico de Inovação do Grupo Fleury.