Disponível apenas para hospitais parceiros, novo teste permite investigar quais linhagens são responsáveis pelo aumento de infecções e pelos quadros mais graves da doença, além de abrir novas possibilidades de estudo sobre a dinâmica e o avanço do vírus no organismo.
O Grupo Fleury desenvolveu um novo teste molecular capaz de identificar as principais mutações que definem as variantes de atenção do Sars-CoV-2. Por meio da detecção de três diferentes mutações no gene que codifica a proteína Spike, o exame define se a infecção foi causada pelas variantes brasileiras P1 e P2, podendo ainda indicar a presença das variantes de origem sul-africana e britânica.
A identificação das variantes possibilitará entender se elas estão associadas a infecções mais graves, resultam em maior tempo de internação hospitalar, se são mais contagiosas e, ainda, se podem ser responsabilizadas pelo aumento de casos de infecções em pacientes mais jovens, por exemplo. O novo exame está disponível apenas para os hospitais parceiros do Grupo Fleury.
Desenvolvido pela equipe de Pesquisa e Inovação do Grupo Fleury, em cerca de 30 dias, o novo exame molecular é feito em duas etapas: na primeira, é coletado material por via nasal ou oral por meio do swab (cotonete) para realizar um exame RT-PCR e identificar se o paciente tem vírus e se há uma carga viral alta. Em caso positivo, passa-se para a segunda etapa, em que é avaliado o genoma do vírus para encontrar possíveis mutações e identificar a variante. “Como essas mutações são todas na mesma região, conseguimos identificar por qual variante o paciente foi infectado ao realizar essa pesquisa”, explicou Dr. Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
Assim, o novo teste para identificar a linhagem do vírus é destinado somente para pacientes que tiveram o diagnóstico de Covid-19 confirmado e apresentam alta carga viral. O período de manifestação dos sintomas não interferirá na realização desse novo exame, desde que o paciente se enquadre nestas condições. A partir da coleta de material, os resultados da pesquisa podem ser obtidos em até uma semana.
Um dos objetivos da Pesquisa de Variantes de Atenção é responder aos hospitais se as variantes realmente causam maior impacto no tempo de internação, informação imprescindível para o atual momento da pandemia. “Conseguimos desenvolver um teste mais rápido e acessível do que o sequenciamento genético completo do vírus. Isso é essencial para quem está na linha de frente tratando um caso grave da doença, pois estamos num momento em que recursos são escassos, ao mesmo tempo em que o número de infectados só aumenta”, explica o diretor clínico. “O novo teste ajudará o corpo clínico dos hospitais na avaliação prognóstica do paciente e também na avaliação da taxa de ocupação, colaborando para gerenciar os leitos de forma mais assertiva”, analisa o médico.
A detecção de variantes por um método mais rápido e de valor menor, quando comparado ao sequenciamento genético completo do vírus, abrirá caminhos para novos estudos sobre a Covid-19 e ajudará a montar o perfil epidemiológico da doença ao longo do último ano e de sua progressão daqui por diante.
“Na cidade de São Paulo, estudos têm demonstrado que até 80% dos pacientes infectados têm a variante P1”, afirma Dr. Celso Granato, explicando que por enquanto, esse número tem como referências dados de universidades e pesquisadores que vêm sequenciando o vírus. Desde março, a equipe médica e científica do Fleury constatou que pacientes internados em 2021 trazem parâmetros bioquímicos e hematológicos totalmente diferentes daqueles antes observados em pessoas com Covid-19, o que coincide temporalmente com o aumento da circulação das variantes no Brasil, sugerindo que sejam responsáveis por quadros mais graves da doença.